sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Fertilidade da pessoa transgênero

 Pessoas transgênero não são, por definição, incapazes de gerar crianças. Assim como qualquer pessoa, a história de vida pode acabar chegando a este ponto.


O pensamento transfóbico dominante parece ser o de que:
- pessoas transgênero não podem se reproduzir da mesma forma que as cisgênero
- pessoas transgênero são estéreis quando fazem uso cruzado de hormônios
- a cirurgia de transgenitalização (transformação da genitália com pênis para a com vagina, e o contrário) leva à esterilidade (incapacidade de procriar).

A produção dos gametas (células reprodutoras) somente é modificada quando a pessoa está fazendo uso cruzado de hormônios. Homens trans que não usam testosterona ovulam e menstruam; mulheres trans que não usam estrogênio produzem espermatozoides viáveis. Mas o uso da testosterona e do estrogênio modifica a produção dos gametas.

A literatura médica informa que o desejo de ter descendência a partir do próprio material genético pode estar ausente no início da transição hormonal, mas surgir depois. Este fato sozinho é suficiente para que os profissionais que prescrevem uso cruzado de hormônios conversem com os transgênero sobre o assunto. Igualmente, é importante que as pessoas trans tenham liberdade de conversar sobre o assunto com eles.

A preservação das células reprodutoras, idealmente (pelo menos neste momento), deve ocorre antes do início dos hormônios. É uma opção atualmente não disponível pelo Sistema Único de Saúde, e tem um custo elevado para a grande maioria da população.

São necessários milhões de espermatozóides em um ejaculado para a ocorrência de gravidez. Após o início do uso do estrógeno, a produção de espermatozoides vai caindo gradativamente. Quanto maior o tempo de exposição ao estrógeno (e a bloqueadores da ação da testosterona), maior a redução. Até determinado momento na vida, a suspensão dessas substâncias permitirá uma recuperação lenta da produção deles. Após alguns anos, apenas uma biópsia testicular seria capaz de recuperar alguma célula produtora de espermatozóide para uma fertilização in vitro.

O uso contínuo da testosterona impede a ovulação. A suspensão permite, após algum tempo, a possibilidade da liberação de óvulos e uma possível gravidez.

A transgenitalização envolve a remoção das gônadas - a partir desta retirada, a pessoa não mais produzirá gametas. Neste momento, a pessoa transgênero não mais conseguirá ter descendência com seu material genético (exceto se os tiver congelado)

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